Um bilhete para quatro filmes
Cada mês escolhemos quatro filmes a partir de um bilhete de cinema
Olá a todos! Preparados para mais um bilhete para quatro filmes?
“La Confidential” (Curtis Hanson, 1997), que vi no Cinema S. Jorge em novembro de 1997, é o ponto de partida para esta newsletter dedicada às mulheres fatais, protagonistas dos chamados filmes noir (filme negro).
Afinal são elas que, mesmo que sejam personagens secundárias conseguem seduzir e manipular o protagonista, para conseguir algo em troca e provocar o conflito final.
O filme é sobre um grupo de três polícias, que, nos anos 1950, investiga, cada um com o seu método, vários homicídios que acontecem em estranhas circunstâncias e que, destapam um negócio de prostituição de luxo que envolve altas figuras do departamento de polícia e dirigentes dos estúdios de Hollywood.
As prostitutas tinham a particularidade de replicar antigas estrelas de Hollywood clássico. E foi esta senhora que complicou tudo…
Sim, é Kim Basinger interpretando Lynn Bracken, uma sósia da célebre Veronica Lake, atriz fugaz cuja imagem marcou alguns filmes negros mais carismáticos dos anos 1940 (como “A Dália Azul”).
É impressionante como, apesar de todo o filme estar impecavelmente realizado e escrito, e os cenários e guarda-roupa de época não se sobreporem à história, as poucas cenas em que Lynn aparece, com uma interpretação contida e minimalista de Kim Basinger, são inesquecíveis.
Aqui fica o esboço do guarda-roupa de Ruth Myers e uma versão do poster do filme que demonstra como a personagem interpretada por Basinger tem uma grande relevância na história, tornando-se iconográfica.
“A Dália Negra” (Brian De Palma, 2006), é a história do crime macabro ligado à morte de Elizabeth Shue, uma aspirante a atriz cujo corpo foi encontrado esquartejado e mutilado em 1947 num baldio de Los Angeles, e simboliza a procura do sonho de sucesso no cinema pelas jovens aspirantes a atriz na época.
Este é um dos casos não resolvidos mais estranhos que há memória: foram 59 as pessoas que se entregaram à polícia declarando-se autoras do crime. Todas elas foram descartadas…
Este é o filme negro em que a mulher fatal não quer cativar os detetives protagonistas porque…já está morta. No entanto, a resolução da sua morte torna-se uma obsessão para os protagonistas para o resto das suas vidas. Esta impressionante pintura de Ryan Almighty demonstra este contraste entre a jovem artista e o seu rosto desfigurado (se forem muito sensíveis não olhem...)
E se um dia vos aparecer uma Kathleen Turner de 1981, com aquela voz meio rouca, sorriso sedutor e cigarro na mão é preciso ter cuidado…
“Noites Escaldantes” (Lawrence Kasdan, 1981), é uma história fascinante de manipulação, ganância e sexo, em que a mulher fatal é uma sensualíssima Kathleen Turner que renova a imagem da personagem femme fatale dos anos 1940.
Ela é a Matty que seduz e utiliza Ned para passar alguns bons momentos a dois e engordar a sua conta bancária.
É impressionante a sensualidade dos corpos quentes dos protagonistas que atravessam todo o filme, mas na realidade esta parece ser a mulher fatal mais óbvia e que segue melhor as características deste tipo de personagem.
Terminamos com Evelyn Cross, a melhor mulher fatal do cinema num dos filmes mais bem escritos de sempre: “Chinatown” (Roman Polanski, 1974).
Por um lado surge alguém que se diz ser Evelyn e pede que o detetive Jack Gittes descubra se o seu marido tem ou não uma amante. Mas afinal a verdadeira vem depois, e é filha de Noah Cross uma influente figura da indústria da águas e da energia de Los Angeles.
Pelo meio há corrupção, mistério, mortes e a paixão entre o detetive e Evelyn. Mas não só, há também um segredo obscuro que atravessa toda a história quase até ao final…
Para a História ficaram as célebres linhas de diálogo: “Forget it Jake, it’s Chinatown!” e “She's my sister...She's my daughter...My sister, my daughter…”
E pronto, desta vez ficamos por aqui, fiquem atentos que no próximo mês há uma nova newsletter a chegar aos vossos mails, até lá!